A Unicef, em parceria com a pesquisadora Denise Valle da Fiocruz e a jornalista Raquel Aguiar, lançou dois guias práticos para trabalhar a temática das arboviroses com professores dos ensinos fundamental e médio e profissionais de saúde. Arboviroses são as doenças causadas pelos chamados arbovírus, que incluem o vírus da dengue, Zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. A classificação "arbovírus" engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes, ou seja, insetos e aracnídeos (como aranhas e carrapatos).
“Vitrines de atividades em arboviroses”, lançado em agosto de 2024, é um guia prático para professores dos ensinos fundamental e médio.
“Arboviroses na prática”, lançado em novembro de 2023, é um guia rápido voltado para profissionais de saúde.
O guia prático para professores dos ensinos fundamental e médio se dedica a contribuir para a mitigação das arboviroses, a partir do estímulo ao potencial de atuação da escola neste propósito, por meio de professores. Para isso, oferece um ponto de partida que pretende facilitar o trabalho de sensibilização sobre o tema das arboviroses no espaço escolar, sem, no entanto, engessar as propostas dentro de tutoriais fechados: o desenvolvimento de abordagens interdisciplinares criativas e as adaptações à realidade local são absolutamente bem-vindas.
O guia reúne um conjunto de conteúdos e conceitos sobre as arboviroses no contexto da Saúde Única e sobre o mosquito Aedes aegypti, procurando fornecer uma visão panorâmica sobre o assunto. Do vírus às mudanças climáticas, do entendimento do risco até ações de cidadania.
A publicação faz uma síntese com as principais mensagens sobre o tema arboviroses, de forma objetiva e direta e apresenta uma vitrine com sugestões de atividades que podem ser usadas em todas as etapas e modalidades (Ensino Fundamental e Ensino Médio – regular ou EJA) e articulam elementos da Base Nacional Comum Curricular.
Baixe aqui o guia Vitrines de atividades em arboviroses (professores)
https://www.unicef.org/brazil/relatorios/vitrines-de-atividades-em-arboviroses
O guia rápido para profissionais de saúde fala de dengue, zika, chikungunya (transmitidas em ambientes urbanos) e febre amarela (que ocorre em regiões de matas), com especial atenção para os mosquitos transmissores e para as estratégias focadas na redução de transmissão dessas doenças. O Guia trata também de alguns pontos importantes sobre malária, já que em muitos municípios brasileiros esse esclarecimento é fundamental para o diagnóstico e o tratamento diferencial em relação às arboviroses.
A publicação usa uma linguagem clara, objetiva e sintética, para que o Guia possa ser um aliado de consulta rápida entre profissionais que atuam em diferentes frentes da saúde: agentes comunitários de saúde, agentes de combate às endemias, agentes indígenas de saúde, agentes indígenas de saneamento, profissionais da enfermagem, médicos, assistentes sociais, gestores e os demais perfis profissionais que atuam nesse campo.
Baixe o guia Arboviroses na prática (profissionais de saúde)
https://www.unicef.org/brazil/relatorios/arboviroses-na-pratica
Sobre as autoras:
Denise Valle é bióloga, Pós-Doutora em Biologia do Desenvolvimento, pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz e pesquisadora associada o INCT de Entomologia Moleular (INCT-EM).
Raquel Aguiar é jornalista, Doutora em Informação e Comunicação em Saúde.
A BioArt é uma plataforma inovadora disponibilizada pelo National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) que oferece, de forma gratuita e acessível, uma vasta coleção de imagens científicas de alta qualidade, em uma diversidade de temas. Este recurso é especialmente valioso para pesquisadores de entomologia molecular, proporcionando acesso a imagens detalhadas e visualmente impactantes que podem enriquecer apresentações, publicações e projetos de pesquisa.
Com imagens de alta resolução, a BioArt disponibiliza imagens que capturam detalhes minuciosos de espécimes entomológicas, vírus, estruturas celulares e processos moleculares. A plataforma abrange uma ampla gama de temas científicos, incluindo microbiologia, imunologia, e biologia celular, com um foco especial em organismos vetores de doenças.
A ferramenta permite o aprimoramento visual das pesquisas potencializando sua capacidade de divulgar ciência, ao possibilitar o uso de imagens de alta qualidade para ilustrar os achados científicos, tornando as publicações e apresentações mais atraentes e compreensíveis.
Como Utilizar
Para acessar a BioArt, visite o site https://bioart.niaid.nih.gov/.
Navegue pelas categorias disponíveis, selecione as imagens de interesse e faça o download conforme necessário. As imagens podem ser utilizadas em publicações acadêmicas, apresentações de conferências e outros materiais de divulgação científica, desde que a fonte seja devidamente citada.
As imagens estão organizadas em categorias intuitivas, facilitando a busca e a seleção de recursos visuais específicos para cada necessidade de pesquisa. As imagens são produzidas e verificadas por especialistas do NIAID, garantindo a precisão científica e a credibilidade dos recursos visuais.
O acesso ao BioArt é gratuito, permitindo que pesquisadores de todo o mundo utilizem esses recursos sem custos adicionais.
A plataforma também disponibiliza imagens em 3D: https://3d.nih.gov/
O grupo de pesquisa do professor Itabajara da Silva Vaz Junior do Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) publicou, no início do mês de fevereiro, um artigo (1) na revista infantil Frontiers for Young Minds explicando técnicas de controle de carrapatos.
Frontiers for Young Minds é uma publicação de divulgação científica em língua inglesa que tem como objetivo propagar o conhecimento científico para crianças e adolescentes, instigando-os à curiosidade e à imaginação. Mas o diferencial da revista é que todos os seus editores também são crianças e adolescentes: as matérias, escritas por pesquisadores e cientistas de todo o mundo, são revisadas pelos pequenos para garantir que sua linguagem seja acessível e interessante. Neste artigo, as revisoras foram todas do sexo feminino: Manaya (8 anos), Emma (11 anos), Emily (15 anos).
Segundo Itabajara, que é vice-coordenador do INCT de Entomologia Molecular (INCT-EM), divulgar estudos científicos em revistas destinadas a crianças e adolescentes é essencial para estimular uma apreciação precoce pela ciência. "Ao apresentar descobertas de forma acessível e simples, estimula-se a curiosidade natural e o desenvolvimento do pensamento crítico. Além de educar, essa prática contribui para uma base de conhecimento, estimulando jovens a se interessarem por ciência e, consequentemente, a construção de uma sociedade mais informada sobre os avanços científicos e menos suscetível a pseudociências e informações falsas". Anteriormente, o professor já havia publicado seu trabalho na revista infanto juvenil Scientific American Brasil (2).
A matéria da Frontiers for Young Minds explica que o combate à proliferação de carrapatos é essencial, pois, ao se alimentarem do sangue dos animais nos quais se hospedam, esses parasitas transmitem vírus, bactérias e fungos que causam doenças, como a doença de Lyme. Existem cinco principais métodos de combate aos carrapatos: o controle químico, a gestão ambiental, o controle biológico, o controle genético e as vacinas. Todos os métodos possuem prós e contras, e alguns podem ser utilizados em conjunto para um resultado mais eficaz.
Conforme o artigo, a técnica mais utilizada de controle de carrapatos são os pesticidas, entretanto, alguns destes parasitas demonstram resistência a eles. Além disso, os químicos utilizados fazem mal ao meio ambiente, poluindo rios e prejudicando animais e plantas.
A gestão ambiental envolve a remoção da grama alta onde os carrapatos costumam se alojar, deixando-os desprotegidos. Reduzidos ao nível do solo, os parasitas têm dificuldades de encontrar um hospedeiro e morrem de fome. Mas, por necessitar de reparos constantes, a gestão ambiental pode não ser eficaz sozinha, especialmente em áreas de mata ou floresta.
Já o controle biológico se dá com a introdução de predadores ou patógenos que matam os carrapatos. Além disso, certas plantas, como a citronela, eucalipto e lavanda, funcionam como repelente de carrapatos. Entretanto, é difícil descobrir um equilíbrio entre encontrar os inimigos naturais certos que tenham como alvo os carrapatos, mas que não causem danos a outros seres vivos.
A técnica de controle genético consiste em utilizar animais que têm resistência natural às picadas do carrapato e é utilizada principalmente na criação de gado.
Por último, as vacinas contra carrapato são o método mais promissor. Mas, embora as primeiras vacinas datem da década de 1980, elas ainda não são eficazes contra todos os tipos de carrapatos. Por isso, os esforços científicos em encontrar vacinas mais eficientes são essenciais.
O artigo de divulgação científica apresenta de figuras ilustrativas, criadas pelos próprios pesquisadores no site BioRender, mostrando as diferenças corporais entre carrapatos, o ciclo de vida dos carrapatos e as diferentes estratégias de controle dos carrapatos, além de uma tabela mapeando, por região do globo terrestre, as diferentes doenças causadas por patógenos transmitidos por carrapatos e um glossário traduzindo para uma linguagem acessível termos mais complexos como: ectoparasita, hospedeiro, patógenos, entre outros termos usados no artigo.
O projeto do professor Itabajara, intitulado “Cooperação internacional entre Brasil, Japão e Quênia: identificação de alvos moleculares para o desenvolvimento de alternativas de controle do carrapato bovino”, foi aprovado em janeiro deste ano na Chamada CNPQ nº14 / 2023, que financia propostas de pesquisas internacionais que visem contribuir para o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação do país.
Referência dos artigos de divulgação científica
1) Waldman J, Rodríguez-Durán A, Ullah S, Numan M, Parizi LF, Tirloni L, Ali A, Logullo C and Vaz Jr IdS (2024) Why Controlling Ticks is Important. Front. Young Minds. 12:1282740. doi: 10.3389/frym.2024.1282740
2) GUIZZO, M. G. ; da Silva Vaz Jr., Itabajara . Pequenos inimigos, enormes prejuízos - Carrapato bovino compromete lucros na pecuária brasileira. Scientific American Brasil, Brasil, p. 78 - 81, 01 jul. 2014.
Fonte:
A edição do mês de abril do periódico The CRISPR Journal traz na capa o título 'Editing the kissing bug' (Editando o Barbeiro), em referência ao artigo do grupo de pesquisa coordenado pela professora Helena Araújo, do Laboratório de Biologia Molecular do Desenvolvimento (LBMD) do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ. Em entrevista à jornalista Paula Guatimosim, a pesquisadora conta detalhes do seu trabalho pioneiro na utilização de Crispr para modificar o genoma de um barbeiro transmissor da Doença de Chagas. A reportagem foi publicada no Boletim Faperj desta semana ( 24 a 30 de abril de 2024).
Estudo inédito usa tecnologia Crispr para ‘editar’ transmissor da Doença de Chagas
Considerada uma doença negligenciada, mas que ainda afeta de seis a sete milhões de pessoas ao ano em todo o mundo, a Doença de Chagas é lembrada todo dia 14 de abril, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019 como Dia Mundial da Doença de Chagas. O objetivo é aumentar a conscientização sobre a doença, dar visibilidade e atenção à enfermidade e aumentar a cobertura diagnóstica, o índice de detecção precoce e o acesso igualitário ao tratamento. Prevalente nas Américas do Sul e Central, a doença está avançando cada vez mais para outros países e continentes.
No Programa de Biologia Celular e do Desenvolvimento do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ICB/UFRJ) a doutora em Biofísica Helena Araujo estuda diversos tipos de insetos, entre eles o Rhodnius prolixus, uma das cerca de 100 espécies de barbeiro vetor do protozoário Tripanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas. Na grande maioria das vezes, a transmissão vetorial ocorre pelo contato das fezes do inseto com a pele da pessoa, enquanto ele pica e se alimenta do sangue. No entanto, de uns anos para cá a transmissão oral aumentou, pela contaminação do açaí pelas fezes do barbeiro, que é atraído pelo fruto da palmeira. “Existe tecnologia disponível para contornar essa contaminação, mas nem todos os beneficiadores da polpa de açaí têm acesso a ela”, explica Helena, que faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular (INCT-EM).
Segundo a pesquisadora, o controle mais usual do barbeiro é por meio de inseticidas, uma alternativa que ao longo dos anos foi levando o inseto a desenvolver resistência. O controle biológico por modificação do genoma do inseto, que vem sendo testado com bons resultados para mosquitos, ainda não está disponível para o barbeiro. Por isso, o INCT-EM vem se dedicando ao estudo de novas ferramentas que possam modificar o barbeiro. Tais ferramentas são necessárias para que se possa produzir insetos incapazes de carregar os parasitas causadores da doença.
O estudo, que tem como primeiro autor Leonardo Lima, aluno de Doutorado, e Mateus Berni, que concluiu seu Pós-Doutorado, ambos bolsistas da FAPERJ supervisionados por Helena Araujo no ICB, também contou com a colaboração de dois grupos de pesquisa americanos, um chefiado por Ethan Bier, do Tata Institute for Genetics and Society, Universidade da Califórnia, em San Diego, que desenvolve tecnologias de Genética Ativa baseadas em Crispr, e outro com Jason Rasgon, do Center for Infectious Disease Dynamics, da Universidade Estadual da Pennsylvania, que desenvolveu a metodologia ReMOT para “delivery” dos elementos Crispr aos ovários de insetos.
Com precisão cirúrgica, a tecnologia Crispr permite cortar uma parte específica do DNA, o que pode resultar na incapacidade da célula produzir determinada proteína. Os cromossomos, formados por uma longa sequência de DNA, podem ser “cortados” pela proteína Cas9, por meio da técnica Crispr. Com a ajuda do RNA guia, que busca no genoma um DNA complementar, esse corte é direcionado para um local específico no DNA. Helena e sua equipe foram pioneiros na utilização de Crispr para modificar o genoma de um barbeiro transmissor da Doença de Chagas, utilizando o Rhodnius prolixus como modelo de estudo.
“Para testarmos nossa metodologia, escolhemos como alvo genes responsáveis pela coloração dos olhos ou cutícula dos insetos. Assumimos que cortes no DNA correspondente a estes genes levariam a uma perda na função de suas proteínas e assim gerariam uma mudança de cor. Baseamos nossa hipótese em estudo anterior onde mostramos que ao diminuir a expressão destes genes observávamos mudanças na coloração dos insetos. Nossa previsão foi confirmada quando observamos que olhos pretos tornaram-se brancos ou vermelhos e a cutícula também teve coloração alterada para o amarelo como resultado da edição gênica por Crispr”, explica Helena. O sequenciamento do DNA por Sequenciamento de Nova Geração (NGS) confirmou as mutações específicas nos genes alvo. A pesquisadora, que conta com apoio da FAPERJ por meio do programa Cientista do Nosso Estado, explica que o próximo passo do estudo é buscar colaborações com diferentes grupos de pesquisa que estudam a interação do parasita causador da Doença de Chagas no intestino do barbeiro, a fim identificar potenciais genes alvo para Crispr, de forma que o inseto se torne imune ao Tripanosoma cruzi.
A publicação científica especializada The CRISPR Journal é a única totalmente dedicada à tecnologia Crispr. Seu editor chefe, Rodolphe Barangou, é um dos pioneiros nos estudos sobre o mecanismo Crispr em bactérias, depois transformado em ferramenta para edição gênica pela microbiologista e imunologista francesa Emmanuele Carpentier e pela bioquímica norte-americana Jennifer Dounda, ganhadora do prêmio Nobel de Química em 2020 e integrante do corpo editorial da revista. A capa da edição de abril foi ilustrado por arte de Daniel Bressan, Pós-Doutorando do Laboratório de Biologia Molecular do Desenvolvimento (LBMD), coordenado por Helena.
Acesse o artigo completo em: https://www.liebertpub.com/toc/crispr/7/2.
Fonte: Boletim Faperj. Semana de 25 a 30 de abril de 2024. Ano XX. Nº 947. Disponível em: https://www.faperj.br/?id=534.7.7
Uma posição de pós-doutorado para estudar interações e genética entre mosquitos - patógenos - microbiota, usando abordagens de genômica funcional de última geração, ensaios de infecção, edição de genoma e estudos de interação está disponível no Grupo Dimopoulos (www.dimopoulosgroup.org). O grupo de pesquisa é afiliado ao Johns Hopkins Malaria Research Institute, Departamento de Microbiologia Molecular e Imunologia, Bloomberg School of Public Health, Johns Hopkins University, localizada em Baltimore, nos EUA. Acesse a chamada oficiall para a vaga.
Para concorrer à vaga é essencial que o candidato tenha experiência e aptidão em pelo menos algumas das seguintes áreas: biologia molecular, entomologia, microbiologia, genética, imunologia. No pós-doutorado o pesquisador terá considerável liberdade para desenvolver projetos de pesquisa relacionados de acordo com seus interesses. O instituto e o departamento possuem instalações de última geração e compreendem um excelente grupo de cientistas com uma ampla gama de interesses e conhecimentos em doenças infecciosas transmitidas por vetores. A instituição oferece um excelente ambiente para o desenvolvimento da carreira biomédica.
Para concorrer à vaga é necessário enviar uma carta com objetivos pessoais e acadêmicos, currículo e contato de duas referências profissionais para George Dimopoulos através do email: gdimopo1@jhu.edu.