cancel

 

O grupo de pesquisa do professor Itabajara da Silva Vaz Junior do Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)  publicou, no início do mês de fevereiro, um artigo (1) na revista infantil Frontiers for Young Minds  explicando técnicas de controle de carrapatos.

Frontiers for Young Minds é uma publicação de divulgação científica em língua inglesa que tem como objetivo propagar o conhecimento científico para crianças e adolescentes, instigando-os à curiosidade e à imaginação. Mas o diferencial da revista é que todos os seus editores também são crianças e adolescentes: as matérias, escritas por pesquisadores e cientistas de todo o mundo, são revisadas pelos pequenos para garantir que sua linguagem seja acessível e interessante. Neste artigo, as revisoras foram todas do sexo feminino: Manaya (8 anos), Emma (11 anos), Emily (15 anos).

 

 

Segundo Itabajara, que é vice-coordenador do INCT de Entomologia Molecular (INCT-EM), divulgar estudos científicos em revistas destinadas a crianças e adolescentes é essencial para estimular uma apreciação precoce pela ciência. "Ao apresentar descobertas de forma acessível e simples, estimula-se a curiosidade natural e o desenvolvimento do pensamento crítico. Além de educar, essa prática contribui para uma base de conhecimento, estimulando jovens a se interessarem por ciência e, consequentemente, a construção de uma sociedade mais informada sobre os avanços científicos e menos suscetível a pseudociências e informações falsas". Anteriormente, o professor já havia publicado seu trabalho na revista infanto juvenil Scientific American Brasil (2).

A matéria da Frontiers for Young Minds explica que o combate à proliferação de carrapatos é essencial, pois, ao se alimentarem do sangue dos animais nos quais se hospedam, esses parasitas transmitem vírus, bactérias e fungos que causam doenças, como a doença de Lyme. Existem cinco principais métodos de combate aos carrapatos: o controle químico, a gestão ambiental, o controle biológico, o controle genético e as vacinas. Todos os métodos possuem prós e contras, e alguns podem ser utilizados em conjunto para um resultado mais eficaz.

Conforme o artigo, a técnica mais utilizada de controle de carrapatos são os pesticidas, entretanto, alguns destes parasitas demonstram resistência a eles. Além disso, os químicos utilizados fazem mal ao meio ambiente, poluindo rios e prejudicando animais e plantas. 

A gestão ambiental envolve a remoção da grama alta onde os carrapatos costumam se alojar, deixando-os desprotegidos. Reduzidos ao nível do solo, os parasitas têm dificuldades de encontrar um hospedeiro e morrem de fome. Mas, por necessitar de reparos constantes, a gestão ambiental pode não ser eficaz sozinha, especialmente em áreas de mata ou floresta.

Já o controle biológico se dá com a introdução de predadores ou patógenos que matam os carrapatos. Além disso, certas plantas, como a citronela, eucalipto e lavanda, funcionam como repelente de carrapatos. Entretanto, é difícil descobrir um equilíbrio entre encontrar os inimigos naturais certos que tenham como alvo os carrapatos, mas que não causem danos a outros seres vivos.

A técnica de controle genético consiste em utilizar animais que têm resistência natural às picadas do carrapato e é utilizada principalmente na criação de gado.

Por último, as vacinas contra carrapato são o método mais promissor. Mas, embora as primeiras vacinas datem da década de 1980, elas ainda não são eficazes contra todos os tipos de carrapatos. Por isso, os esforços científicos em encontrar vacinas mais eficientes são essenciais.

O artigo de divulgação científica apresenta de figuras ilustrativas, criadas pelos próprios pesquisadores no site BioRender,  mostrando as diferenças corporais entre carrapatos, o ciclo de vida dos carrapatos e as diferentes estratégias de controle dos carrapatos, além de uma tabela mapeando, por região do globo terrestre, as diferentes doenças causadas por patógenos transmitidos por carrapatos e um glossário traduzindo para uma linguagem acessível termos mais complexos como: ectoparasita, hospedeiro, patógenos, entre outros termos usados no artigo. 

O projeto do professor Itabajara, intitulado “Cooperação internacional entre Brasil, Japão e Quênia: identificação de alvos moleculares para o desenvolvimento de alternativas de controle do carrapato bovino”, foi aprovado em janeiro deste ano na Chamada CNPQ nº14 / 2023, que financia propostas de pesquisas internacionais que visem contribuir para o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação do país.

 

Referência dos artigos de divulgação científica 

1) Waldman J, Rodríguez-Durán A, Ullah S, Numan M, Parizi LF, Tirloni L, Ali A, Logullo C and Vaz Jr IdS (2024) Why Controlling Ticks is Important. Front. Young Minds. 12:1282740. doi: 10.3389/frym.2024.1282740

2) GUIZZO, M. G. ; da Silva Vaz Jr., Itabajara . Pequenos inimigos, enormes prejuízos - Carrapato bovino compromete lucros na pecuária brasileira. Scientific American Brasil, Brasil, p. 78 - 81, 01 jul. 2014.

 

Fonte:

http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/controle-de-carrapatos-e-tema-de-artigo-em-revista-de-divulgacao-cientifica-para-criancas

Topo