Estão abertas - até dia 10 de agosto - as inscrições para a nona edição do curso de Biologia de Artrópodes Vetores (CBAV), que acontecerá entre os dias 02 e 13 de setembro de 2019, no Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé (NUPEM) pertencente a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O curso é voltado para alunos de pós-graduação e profissionais do serviço na área de vetores, de todo o Brasil, vai reunir pesquisadores de renomada experiência na área de artropodes vetores, promovendo a integração entre professores, alunos e profissionais de diferentes regiões do país.
A programação é composta por aulas teóricas, práticas, atividade de campo, e rodas de discussão sobre temas como sistema imune e microbiota de insetos vetores, comportamento de insetos e interação com patógenos, interação mosquito-vírus, carrapatos e interação com parasitos, controle vetorial, resistência a inseticidas, modelagem de nicho e mudanças climáticas, entre outros. Este ano, o CBAV será integrado ao I Workshop em Mosquitos Transmissores de Arbovírus, que ocorrerá durante três dias (05, 06 e 07/09) dentro do curso: todos os alunos inscritos no CBAV participarão, e também será possível inscrição apenas para o workshop.
Para conferir a programação completa, informações sobre alojamento e transporte e fazer sua inscrição, acesse o site: https://campusvirtual.fiocruz.br/gestordecursos/hotsite/cbav2019. Confira também o blog do CBAV: http://cbav-inct-em.blogspot.com/ e o perfil no Instagram: https://www.instagram.com/cbav.inct.em/
O Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé (NUPEM/
O evento de celebração dos 10 anos do laboratório aconteceu no dia 31 de maio, na cidade de Macaé, e reuniu dezenas de pessoas. O Professor Doutor José Roberto da Silva abriu o evento agradecendo a presença do público e saudando os palestrantes, figuras essenciais para a criação e consolidação do Laboratório Integrado de Bioquímica: Hatisaburo Massuda, Pedro Lagerblad de Oliveira, professor da UFRJ e coordenador do Instituto Nacional de Tecnologia em Entomologia Molecular (INCT-EM) e Fernando Genta, da Fiocruz. Após apresentar um breve histórico no qual discorreu sobre a origem e o desenvolvimento das atividades realizadas pelo LIBHM, o docente destacou as pesquisas e ações de extensão realizadas, as conquistas obtidas ao longo dos anos e os desafios a serem superados.
Em seguida, Hatisaburo Masuda (Instituto de Bioquímica Médica - IbqM/UFRJ), pesquisador que dá nome ao Laboratório, agradeceu a homenagem e parabenizou o Instituto pelos seus 25 anos e o laboratório, pelos seus dez anos. Masuda expôs suas preocupações em relação ao cenário educacional e acadêmico atuais, ressaltando a dificuldade em recrutar alunos e futuros pesquisadores para programas de pós-graduação, criticando o caráter efêmero das relações sociais e a superficialidade da vida contemporânea. O pesquisador elogiou os avanços alcançados pelo Laboratório Integrado de Bioquímica e sugeriu novos objetivos a serem atingidos, como, por exemplo, a ampliação e o aprofundamento das atividades desenvolvidas, especialmente no que tange ao treinamento dos profissionais que atuam na educação de nível fundamental e médio e à implementação de ações extensionistas que visem à elevação da qualidade do ensino no país.
A celebração teve continuidade com a apresentação de Pedro Lagerblad de Oliveira, professor doutor do IBqM/UFRJ e Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular (INCT-EM), que resgatou o histórico da parceria entre o INCT-EM e o Laboratório Integrado de Bioquímica Hatisaburo Massuda. Oliveira destacou o senso de coletividade da instituição, as causas comuns e as conquistas compartilhadas pelo corpo social na última década. O pesquisador, embora reconheça as dificuldades em fazer ciência no país, enalteceu o trabalho desenvolvido conjuntamente pelos pesquisadores do Laboratório e as vitórias divididas pelo NUPEM/UFRJ que inspiram e contagiam pesquisadores do Brasil e do mundo. “A história deste caminho percorrido pelo Laboratório e pelo NUPEM/UFRJ não é linear: é um caminho com vitórias, derrotas, sofrimentos, conquistas, problemas, idas e vindas, como toda obra humana é. São dez anos de uma história muito bonita. Tem que comemorar e não se deixar vencer pelo medo e pela insegurança. Tem que sonhar e fazer planos! Isso é o que falta para o nosso país hoje”, afirmou Pedro Lagerblad.
Por fim, Fernando Ariel Genta – pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenador do Curso de Biologia de Artrópodes Vetores (CBAV) – fechou o evento de celebração dos dez anos do LIBHM enfatizando a importância de se realizar ciência no interior para desenvolver a sociedade e para criar centros de excelência no país. Genta resgatou a parceira do Laboratório e do NUPEM/UFRJ com a Fiocruz, essencial para a realização do CBAV, apresentando os resultados obtidos, no país e no mundo, na área de artrópodes vetores: “Uma das tônicas do CBAV é criar pontes para que tenhamos políticas públicas de saúde baseadas em conhecimento científico. E eu gostaria de reconhecer o trabalho e agradecer o NUPEM/UFRJ por isso. É muito bonito ver os frutos deste solo fértil de Macaé sendo compartilhados com a sociedade brasileira como um todo".
25 anos do NUPEM
Também durante a grande celebração pelos 25 anos do NUPEM, foi lançado o livro “NUPEM: Protagonista da Interiorização da UFRJ”, disponível gratuitamente (clique aqui para fazer download da versão digital). O livro, coordenado pelos professores Francisco de Assis Esteves e Maria Fernanda Quintela, é composto por 14 capítulos escritos por docentes e ex-alunos do Instituto NUPEM e da UFRJ, e resgata, ao longo de suas quase 300 páginas, a trajetória de luta e a história da criação do Instituto e da interiorização da UFRJ, consolidando a integração entre ensino, pesquisa, extensão e inserção social de qualidade no interior do Rio de Janeiro.
Para saber mais sobre a cerimônia de celebração do NUPEM, clique aqui e acesse a reportagem completa.
(Texto e fotos: Assessoria de Comunicação do NUPEM, com edição)
Pesquisadores do INCT de Entomologia molecular vão participar do Pint of Science 2019, um evento que acontece em todo o mundo e promove o encontro dos cientistas com o público, para falar de ciência de uma forma simples e acessível em ambientes informais - como bares. A mesa redonda ¨O mundo sem mosquitos¨ vai acontecer no dia 22 de maio, no bar "Mestre Cervejeiro" (Rua Senador Vergueiro, 2 - Loja A - Flamengo) e pretende discutir novas técnicas para o controle de mosquitos e outros vetores de patógenos, com a participação das especialistas Dra. Denise Valle (Fiocruz, mobilização popular, jogos e controle físico de criadouros larvais), Dra. Rafaela Bruno (Fiocruz, comportamento de mosquitos), Dra. Caroline Moraes (Fiocruz, RNAi de interferência) e Dra. Gabriela Azambuja (Fiocruz, mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia) e Dr. Fernando Genta (Fiocruz, iscas açucaradas).
O Pint of Science acontecerá em 85 municípios do Brasil, e durante três dias consecutivos (20, 21 e 22 de maio), cinco bares em diferentes bairros do Rio de Janeiro e um bar em Nilópolis irão receber diversos cientistas para conversar com o público sobre os mais inusitados temas.
Com um total de 23 temas divididos entre os seis bares, teremos apresentações sobre a relação entre ciência e arte no bar Teto Solar, em Botafogo; no bar Empório Colonial, no centro do Rio, está programado para ocorrer uma conversa sobre as pesquisas em Marte e sua possível colonização; um bate-papo no bar Mestre Cervejeiro, no Flamengo, tenta responder a grande pergunta “Estamos sozinhos no Universo?”; já no bar Fábrica Nômade, em Freguesia (Jacarepaguá), a conversa fica na Terra e traz as dúvidas e curiosidades sobre os diferentes usos medicinais da Cannabis e sua legalização; o Maracanã ficou com a difícil missão de falar sobre o resgate dos acervos do Museu Nacional e a ciência pós-desastre no Dubom Chopperia Carioca. Em Nilópolis, o festival vai acontecer no bar Garage, Rock & Beer, no bairro de Olinda, com conversas sobre os matemáticos desconhecidos pela população; a fiscalização das leis ambientais; divulgação científica em museus e muito mais!
Esses são somente alguns temas no Rio de Janeiro. A programação completa do Rio pode ser encontrada no site PintOfScience.com.br/events/RioDeJaneiro ou nas redes sociais do site A Ciência Explica, apoiadora do Pint of Science no Rio de Janeiro, junto com o Podcast Serendip, Podcast Microbiando e SBPC - RJ.
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, integrantes do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular (INCT-EM), acabam de publicar um artigo com um objetivo audacioso: reunir todas as informações disponíveis entre 1985 e 2017 sobre a resistência do mosquito Aedes aegypti aos inseticidas mais utilizados no Brasil – temephos e deltametrina. A conclusão do estudo mostra que o uso contínuo dos inseticidas levou a uma resistência generalizada entre as populações de mosquitos, colocando em xeque o controle químico como principal forma de combate ao mosquito, responsável pela transmissão de doenças como a dengue, chikungunya e vírus Zika.
O artigo, publicado na última edição da revista “Memórias Instituto Oswaldo Cruz” (clique aqui para acessá-lo), é resultado do trabalho de mestrado de Diogo Bellinato com orientação da professora Denise Valle, e compartilha com o público dados inéditos da Rede Nacional de Monitoramento da Resistência de Aedes aegypti a inseticidas, entre 1998 e 2012. Também conhecida como MoReNAa, esta rede era constituída de laboratórios em diferentes estados do Brasil, que atuaram em avaliações continuadas da resistência das populações do Aedes aegypti, como parte do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde. “Ainda não tínhamos conseguido publicar esses dados porque a demanda do Ministério da Saúde era muito grande. E agora tivemos a chance de compilar, validar e verificar tudo o que existe sobre resistência a Aedes no Brasil relacionada a esses dois inseticidas mais usados”, afirma Denise Valle, que foi coordenadora da MoReNAa. “Estamos deixando à disposição da comunidade cerca de 14 tabelas de dados, com quase 2400 registros diferentes e validados”. Além destes dados, o artigo contou com um levantamento de publicações entre 1985 e 2017 sobre o tema – inclusive trabalhos sobre os mecanismos biológicos de resistência - filtradas por critérios de qualidade.
Um dos resultados foi a confirmação de que, por conta do uso contínuo do larvicida temephos, as populações de Aedes aegypti no Brasil estão resistentes a eles. “Aprendemos que é necessário fazer uma rotação de inseticidas para evitar que casos como esse voltem a acontecer, de perder a eficiência de um produto porque os mosquitos não são mais vulneráveis a ele”, afirma Denise, que explica que, atualmente, a orientação é usar um inseticida por, no máximo, quatro anos.
No caso da deltametrina, da classe dos piretróides, a situação é a mesma: com apenas três anos de uso, o nível de resistência dos mosquitos Aedes aegypti ao inseticida já começou a ser detectada e hoje está instalada em todas as regiões do Brasil. Mas em uma dimensão mais catastrófica, já que dos cinco inseticidas para mosquitos adultos recomendados pela Organização Mundial da Saúde, quatro deles são da classe dos piretróides, deixando ao Ministério da Saúde uma única opção: o malathion. “Se o poder público não usar este inseticida com bastante critério, vamos perder a última ferramenta que temos para controle dos mosquitos adultos”, avalia Denise Valle.
Para a pesquisadora, o estudo oferece um cenário detalhado e a dinâmica da resistência aos inseticidas mais usados, nas cinco regiões do Brasil - mas não consegue explicar, por exemplo, como a resistência se instala em cada região ou município. E espera que os dados disponíveis no artigo possam ser aproveitados por pesquisadores, principalmente das áreas de epidemiologia e modelagem matemática, para avançar nas investigações. “A gente tem que conhecer o problema para enfrentá-lo, e começar a se dar conta de que o controle químico é só uma parte da solução do combate ao Aedes. Minha aposta como pesquisadora é continuar mobilizando a sociedade para combater os focos que podem virar criadouros do mosquito”, conclui Denise.
Por Rosa Maria Mattos, assessora de comunicação do INCT de Entomologia Molecular
A rede de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia - os INCTs - soma em torno de 100 institutos semelhantes ao INCT em Entomologia Molecular, nas diversas áreas de conhecimento, os quais tiveram suas cotas de bolsas Capes suspensas por conta do contingenciamento de recursos do Ministério da Educação, que classificou como "ociosas" as bolsas que não estavam ocupadas naquele momento. No nosso caso, havíamos acabado de receber candidaturas para preenchimento de bolsa de pós-doutoramento, foi feita a seleção e não foi possivel indicar o candidato.
Situações como essa se repetem de norte a sul no país nos INCTs, assim com nos programas de pós-graduação. O INCT de Entomologia Molecular se soma aqui a todos que protestam contra essa medida. Mesmo que ela seja revista e consigamos novamente indicar os bolsistas selecionados, assinalamos aqui que um prejuízo imensurável já foi causado na forma de quebra de confiança e desestímulo aos jovens doutores e pós-graduandos.